quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Testes



Era como se minhas lágrimas não mais existissem, ou também os pensamentos, sonhos e desejos que uma dia tivera. Gelada, me abraçava, aconchegava-me em teus braços, e pela primeira vez me senti calmo. A leveza se descrevia em meu corpo e não mais o sentia, mas ainda estava ali. Conseguia ainda enxergar, e adorava o que estava vendo. Havia uma árvore com flores lilás acima de mim, e rostos, mas não os via muito bem, o que era estranho, pois conseguia ver as folhas caindo da árvore em seus tons marrons de Outono, mas os rostos que estavam perto... não os via. Foi então que tentei observá-los bem, e num instante tão obscuro quanto o acontecimento, lembrei-me de todas as pessoas de importância que passaram por minha vida. Lembrei do vovô, e dos diversos natais que não compartilhamos, pela ignorância que tive em apenas não ir. Lembrei de alguns amigos que não protegi das maldades do mundo, e lembrei também da minha mãe, cuja qual sempre julguei, mas no fundo amava. Inúmeras foram as pessoas cujas quais não disse "Eu te amo!", e este era o meu pequeno inferno, presente até o último instante e depois à toda eternidade; embora, opostamente, eu tivera dito à pessoas que não o mereciam, e tantas e tantas vezes. Quis, naquele instante, levantar-me, correr aos braços de qualquer rosto de que pudia me lembrar, mas não tive forças, e expirei ali, ao chão, deitado em minhas amarguras e solidões, questionando-me sobre os "Eu te amo" que deixei de dar, e observando a árvore se apagar. 
Elcimar Reis.